Quando se associa choques elétricos à polícia e aos militares é  inevitável a lembrança dos tenebrosos “anos de chumbo” por que passou o  Brasil a alguns anos atrás: os militares da Ditadura que iniciou-se em  1964 
utilizaram diversos meios de tortura para coagir os inimigos políticos  do regime, sendo o choque elétrico um dos mais terríveis e dolorosos  processos adotados àquela época. Os tempos são outros, o Brasil aderiu à  democracia, temos uma nova Constituição Federal, e a tendência é que os  fantasmas da Ditadura passem a ser exorcizados. É o que está sendo  feito agora com 
a adoção, por parte do Governo Federal, de pistolas Taser, que são armas de eletrochoque, distribuídas para polícias de vários estados brasileiros.
 
 
O que é a Taser
 
A Taser é fabricada pela empresa 
Taser International, e possui (o modelo a ser utilizado no Brasil, a 
Taser M26)  um mecanismo de disparo similar ao das armas de ar comprimido. Assim  que se pressiona o gatilho, a arma aciona um cartucho de gás nitrogênio,  que se expande e gera pressão para que eletrodos sejam lançados na  direção desejada. Esses eletrodos estão ligados à arma por fios  condutores isolados, e possuem ganchos que facilmente agarram nas  roupas. Basta os eletrodos se prenderem para que a corrente elétrica  seja transferida dos fios ao agressor.
 
 
Os impulsos elétricos transmitidos são da ordem de 50.000 volts, e  afetam o sistema nervoso central do indivíduo, prontamente  imobilizando-o, fazendo com que ele fique na posição fetal. Ao atingir a  vítima, os eletrodos disparam uma descarga de 5 segundos. Após isso,  caso o operador permaneça com o dedo no gatilho, uma descarga é liberada  a cada 1,5 segundo.
 
O alcance máximo da arma, a depender do cartucho utilizado, é de  aproximadamente 10,6 metros (comprimento do fio da M26), e após um  disparo, os fios tem que ser recolhidos para que a arma seja novamente  utilizada. Os 50.000 volts citados, são gerados por 8 pilhas AA de 1,2  volts, através de condensadores e transformadores que a arma possui. O  fabricante informa que todas as armas possuem uma memória digital que  armazena a data e a hora dos 585 últimos disparos, além de expelir  confetes identificadores com o número serial do cartucho no momento do  disparo.
 
 
A Taser mata?
 
O termo “Arma não-letal” é um contrasenso. Se tomarmos uma caneta  como exemplo (que nem arma é considerada), estudando as possibilidades  letais dela, veremos que os prejuízos possíveis utilizando-a como arma  levam, sim, à morte — perfurações toráxicas, no pescoço, nos olhos,  enfim. Assim, o ideal seria chamar essas armas de “menos letais”, como é  o caso da Taser.
 
Os confetes expelidos com o nº de série do cartucho:
 
 
Segundo o site da Universidade do Porto,  Portugal, só nos Estados Unidos, em torno de 330 pessoas morreram,  desde 2001, pelos efeitos de armas Taser (número da Anistia  Internacional). Lá o uso das Taser são autorizadas em vários estados até  mesmo para a sociedade civil. Enquanto entidades como a Anistia  Internacional criticam o equipamento, as instituições policiais alegam  que as mortes estão associadas ao uso de estupefacientes (cocaína,  ecstasy, heroína, etc.) pelos atingidos.
  
Portugal e Canadá também já usam a Taser, sendo que este último  registrou o mais notório caso de morte por causa da arma. O fato ocorreu  quando o polonês Robert Dziekanski se exaltou no Aeroporto de Vancouver  em outubro de 2007. Os policiais canadenses utilizaram a arma, e o  turista, de 40 anos, que não usava drogas, acabou falecendo.
 
 
A Taser no Carnaval da Bahia 2009
 
Através do fornecimento das pistolas pelo Governo Federal, 
as Taser destinadas à Bahia já serão utilizadas no próximo carnaval. O Jornal A Tarde divulgou em 
recente matéria  a novidade, trazendo alguns comentários errôneos de especialistas(?) em  relação às armas. Primeiro diz que as descargas são de 120.000 volts,  quando o modelo M26 não passa de 50.000. Depois afirma que a distância  mínima de utilização é de 15 metros, mas a verdade é que existem  cartuchos que vão de 4,5 a 10,6 metros para a M26:
 
 
Quanto aos custos da reposição de cartuchos, há alguma razão naquilo  que diz a matéria, questionando se haverá recursos para realizá-las.
 
A Taser é um passo importante no sentido da aplicação da doutrina de  uso progressivo da força, onde o primeiro nível de uso da força é a  presença do policial e o último é a força letal da arma de fogo. Cabe às  polícias treinarem seus policiais para bem usar o equipamento, e aos  policiais resta a consciência das possibilidades, remotas mas possíveis,  de letalidade da arma. A Taser traz melhores condições de trabalho,  preserva a vida do cidadão e a integridade do policial, mas apenas se  não for usada abusivamente, e sim dentro da técnica.
Fonte: http://abordagempolicial.com 
 
- Cabe um breve esclarecimento a respeito dos agentes químicos, acessórios e demais materiais de uso por ocasião da atividade de segurança.
ResponderExcluirTaser, spray(dos mais variados), munições de borracha ou granel de plastico, agentes químicos,cassetetes,granadas, e outro de classificação não letais, só não são causadores de risco de graves lesões e/ou causadores de risco de morte, se usados dentro do que prevê sua especificação respeitando as particularidades do evento e por agentes treinados