Policiamento nos estádios de futebol: Evento privado e os militares prestando um serviço gratuito

Os jogos nos estádios de futebol em todo o país são guarnecido em sua absoluta maioria pela Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de cada Unidade Federativa. Os eventos são realizados pelas Federações de futebol e em âmbito nacional pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Os clubes detentores dos milhões de reais arrecadados em todas as partidas ao longo do ano, tem movimentado um soma significativa para os seus cofres. A cifra é milionária.  Em cada partida, os clubes recebem sua parcela que é paga pelo torcedor.

Os jogos organizados pela CBF, Brasileirão e Copa do Brasil, movimenta todo o país e a população em geral, que vão aos estádios prestigiarem seus times preferidos.

O policiamento fica por conta da Polícia Militar nos diversos Estados brasileiros. Contudo, há Estados que cobram das Federações e dos clubes de futebol, uma taxa pelos serviços de policiamento nos estádios, como é o caso de São Paulo. Em Mato grosso, os clubes custeiam o policiamento. Na Bahia, também as equipes pagam pelo policiamento, além de custear à alimentação. Em Minas Gerais, a PM avisou que não faria mais policiamento nos eventos esportivos, por tratar-se de eventos privados. A mesma regra é seguida pela PM de Santa Catarina. Já no Rio Grande do Sul, há um projeto de Lei estadual que obrigará os clubes a bancarem os eventos esportivos. As informações foram retiradas  do site da AMAI(http://amai.org.br/site/noticias/detalhes/633/), vejam lá a matéria completa.

A matéria está sendo exposta em virtude de algumas inquietações de dezenas de policias que fazem constantemente este tipo de policiamento nos estádio de futebol no Maranhão.

Na tarde de ontem(01/04), no Estádio Castelão, aconteceu mais uma partida de futebol pela Copa do Brasil. O jogo foi entre Sampaio Correia e Estrela do Norte de Santa Catarina, o placar foi de 4x1 para o time maranhense.

O jogo estava previsto começar às 20:30, todavia o policiamento estava escalado a partir das 18 horas no local. Ao chegarmos no Castelão, tivemos um lanche: Sanduíche natural e um refrigerante. Agora imaginem, o policial que estava de serviço saiu de casa no mínimo às 17 horas e com certeza não jantou. É brincadeira os organizadores fornecem apenas um simples lanche. 

Tivemos uma longa preleção, do oficial comandante e responsável pelo policiamento. O processo de stress mental e psicológico já começa logo no início com uma baita de uma preleção. Fomos orientados pelo chefe do policiamento a utilizar o EPI(Equipamento de Proteção Individual): Capacete, cassetete e colete reflexivo, estamos prontos e equipados para o policiamento.

No decorrer do policiamento, as pernas não acompanham mais o corpo pelo cansaço natural, são em média de 6 a 8 horas de policiamento. No último policiamento que havia realizado no mesmo local, foram 8 horas batidas de policiamento. As pernas já estavam dormente de tanto cansaço. Esse durou somente 6 horas.

Logo no início quando todos foram orientados pelo comandante do policiamento a usar o EPI, teve alguns PM,s que não estavam, com os ditos equipamentos. O oficial responsável, solicitou aos mesmos para usá-los e os militares disseram que não poderiam usar por estarem sentindo dores de cabeça. Todavia, o comandante do policiamento, determinou que se usassem, pois o capacete era leve. Ficou esse conflito, usar ou não o capacete. Todavia, os militares usaram o bom senso e se equiparam.

Contei essa história só para que todos possam ter ideia de que como foi o policiamento no Estádio Castelão.

Conversa vai e conversa vem, fomos informados por algumas pessoas que estavam trabalhando no evento, que eles haviam sido remunerados. Um deles nos interpelou perguntado se nós havíamos recebido o dinheiro, dissemos que não recebemos. Ele afirmou que recebeu R$ 150,00 pelo serviço. A guarda Municipal, recebeu sua hora extra de R$ 200,00. Essa história incomodou todos os policiais que estavam presente no policiamento, ai veio a velha discussão. Por que temos que fazer policiamento de graça, já que o evento é privado.

Com um público pagante de 5 mil torcedores, a renda foi anunciada pelos terminais de microfones de mais de 70 mil reais.

Quem anda pelos Castelão observa, que dentro do Estádio há várias lanchonetes e vendedores ambulantes, que com certeza pagam uma taxa para venderem seus produtos.

Como falei anteriormente, comemos apenas um mirrado lanche às 18 horas e mais nada, o policiamento foi até as 23:00 horas, só podem achar que temos estômago de ferro ou que todos estão fazendo regime. Como estamos no policiamento, fica quase que improvável se comprar alguma coisa para comer, devido a dinâmica do policiamento. 

Por todos essas questões, ficamos perguntando uns aos outros. Será que a CBF não paga nada para o policiamento, haja vista que nem um lanche reforçado nos foi fornecido.

Não temos a resposta, mas isso deixou-me curioso e vou verificar essa temática direito. Vou atrás dessas informações e procurar saber qual é a relação da Federação e a PM. Por que se outras categorias estão recebendo por que nós policiais não estamos?

Após o encerramento do policiamento foi perguntado ao oficial responsável, ele disse que a PM não recebe nada. Vamos aprofundar o assunto e tentaremos buscar respostas para essa questão. As perguntas estarão baseadas nos seguintes pressupostos:

A)    Por que no evento privado a PM tem que fazer o policiamento interno e externo nos estádios de futebol?

B)    Os jogos da Federação Maranhense e CBF são pagos pelos torcedores e por que o policiamento não recebe um vintém?

Também na próxima semana vamos fazer uma visita ao deputado Cabos Campos e vamos levar para ele essa temática, para que a comissão de Segurança, possa rever essa situação de perto.

Por que não é justo, em um evento privado os organizadores estarem ganhando milhares de reais e ainda utilizando os serviços públicos de graça, assim é fácil fazer evento. Como já diz o velho ditado popular: “Quem tem besta não compra cavalo”

Como dissemos vamos atrás das respostas. Aguardem.