SANTO AGOSTINHO X SANTO TOMÁS DE AQUINO

SANTO AGOSTINHO
Em meio ao esfacelamento do império romano, deflagrada pelos povos bárbaros, e com o desenvolvimento da cristandade, na qual fora concedida liberdade de culto, por ordem do imperador Constantino(280-337), através do edito de Milão, que depois é oficialmente sagrada como religião oficial do Estado romano; devido as divergências teológicas, é estabelecida a ortodoxia da doutrina cristã, no Concilio de Nicéia(325), convocado pelo imperador romano, Constantino. Nesse clima de turbulência política, econômica, social e religiosa, nasce na cidade de Tagaste, província romana da Numídia(África), hoje Argélia, o grande pensador da Igreja cristã, o Santo padre e bispo de Hipona Agostinho (354), que inicia seus estudos na cidade natal, porém seu pai no intuito de da uma educação mas aprimorada, o envia para Cartago, onde concluiu seus estudos superiores e tornou-se professor de retórica.
Santo Agostinho teve uma vida marcada na sua mocidade, por crises existenciais; em sua obra Confissões, narra de forma meticulosa toda sua trajetória, até encontrar a “felicidade e a certeza da verdade”, através da fé. Nesse período de perturbação existencial, ele procura se encontrar na filosofia de Cícero, e uma versão latina de categorias de Aristóteles, onde aderiu ao maniqueísmo, crença baseada em dois princípios absoluto que nos norteariam o universo: O bem e o mal. Desencantado com o maniqueísmo, buscou as concepções neoplatonica, onde foi tomado por profundo ceticismo, no entanto sua influência que marcaria para sempre, veio de Santo Ambrosio, que lhe mostraria o caminho da fé.
O cristianismo depois de consolidado pela sua ortodoxia, buscou no domínio da razão corroborado pele fé sua afirmação doutrinaria. Os pais da Igreja desenvolveram a filosofia patrística, que tinha em seus princípios básicos unir a fé de argumentos filosóficos; e tem em Agostinho uma das personagens mas proeminente e defensor dessa conciliação entre razão e a fé, que ele chama de “filosofia Cristã”. Agostinho tentar restaurar a fé por meio da razão, ele acredita que “o conhecimento da verdade” é fato, e que isso é provado pelas operações matemáticas e lógica que são irrefutáveis. Para ele o homem e sua razão possui mentalidade e podem perecer, porque a verdade é eterna, e somente Deus um ser eterno pode assegurar essa verdade. A busca dessa razão encontrará a fé no ser supremo que é Deus, e é através da fé que a razão resgatará sua essência, para ele tem que “compreender para crer, crer para compreender”.
Para Agostinho a filosofia serve como veiculo auxiliador que objetiva a uma finalidade transcendental as suas próprias limitações, o seu pensamento filosófico misturado da fé divina; ele tentar elucidar a verdade, no qual ele conseguiu sistematizar concepções do mundo, do homem e de Deus, e que por séculos tornou a base teológica da Igreja Católica. Ele concebe a Deus como transcendente absoluto e indivisível, que não há nada comparado a sua essência perfeita e eterna.
A concepção agostiniana de Deus, perpassa o racional humano, ele o vê como sendo um Deus Único, que subsiste em três pessoas distintas(trindade), o Pai, é a essência divina; o Filho, é o verbo(palavra); o Espírito Santo é o amor divino que cria tudo que existe. O homem como sendo a imagem e semelhança de Deus, está provido da mesma essência tricotômica divina, o cosmo e tudo que nele há segue também de forma semelhante a trindade, ou seja , se manifesta de várias maneiras, sempre em tríade. O universo é constituído de coisas inanimadas e animadas e que esses seres vivos e inteligentes que é o homem está provido de corpo, alma e espírito, portanto ele é tricotômico e as demais coisas seguem essa tríade.
A ordem do universo é bela, pois é obra do divino, para Agostinho o mal não existe em sim mesmo, o que ocorre é um distanciamento de Deus, que isso se traduz no homem o pecado, e que este pecado alterou a ordem divina, no qual tornou o homem serve do pecado. Ele acredita que a livre vontade humana fora perdida, portanto ele ficou impotente para buscar sua própria salvação, ou seja, o homem perdeu o seu livre-arbítrio, o direito de escolher sua salvação, ela já não depende da vontade humana, e sim de Deus. As boas obras não são mas meios de se chegar a salvação. O homem não escolhe a Deus, mas é Deus quem o escolhe, o elege conforme o beneplácito de sua vontade. Ele vê na predestinação a soberania de Deus, onde o homem é salvo pelo decreto de Deus, através da eleição divina.

SANTO TOMÁS DE AQUINO
Durante todo o período medieval a Igreja católica reinou de forma absoluta no modo de viver e pensar a sociedade européia, sua influência irá ser tão grande que reinos e monarcas estavam sob seu auspícios; dominou de forma ideológica todo pensamento, norteou todos os rumos e direções da sociedade em detrimento da fé cristã.
A filosofia continua intrínseca a fé, a razão ainda permeia os domínio da fé, a era patrística vai perdendo sua influencia para uma nova escola filosófico-cristãs, a escolástica, que tem em Santo Tomás de Aquino seu maior pensador.
Tomás vê a filosofia como instrumento que deve servi a fé, que ela deve subordina-se a ela; para ele quando a razão e a fé estão em conflito, a razão sempre está equivocada. Ele acredita que não há conflito entre fé e razão, ao ponto de desacreditar na existência de Deus. A razão por várias maneiras “atinge o conhecimento da existência de Deus”, a razão que abri o entendimento, a compreensão e a fé que as revela estão em harmonia sem que haja contradições entre si, elas são apenas distintas, porém expressam a mesma verdade; para ele embora se conceba Deus com ser dotado de perfeição, não está garantido sua existência, a definição de Deus como soberano perfeito é apenas uma idéia, e nada garante que uma idéia possa existi de fato.
Se apropriando da filosofia aristotélica, Tomás tentar convergir o pensamento de Aristóteles para fé cristã. O mundo segundo ele, “ sensível, percebido pelos sentidos”, que este mundo está em movimento. Segundo Aristóteles, nada se move por si só, e que a causa do movimento é causada, e é necessário admitir que existi uma causa absoluta imóvel e primeira, para ele há um motor imóvel no universo, que Tomás irá dizer que esse motor é Deus.
Para Tomás, existe um domínio em comum entre a fé e a razão, e que é necessário que haja uma demarcação de forma precisa nesse território da razão, para que ele não ultrapasse a fé e possa desenvolver-se dentro de sua limitação, segundo ele esse domínio seria o ser. Para ele o conhecimento racional procede primeiramente dos sentidos, no qual das sensações o “intelecto abstrai a individualidade das coisas, depurando-lhe a material. O resultado são as formas”. O intelecto para ele deferência de dois tipos, segundo o pensamento aristotélico; o intelecto possível e o intelecto agente, este absorve dos sentidos as imagens das formas que se encontra como potência, responsável pelo conhecimento efetivo das formas. Tomás acredita que o homem é provido desses dois intelecto que constituem a sua alma individual, a forma de seu corpo. Esse pensamento é necessário para justificar o dogma cristão da imortalidade da alma. Que segundo ele, está individualidade da alma faz com que o homem tenha sua livre escolha e seja responsáveis e donos dos seus próprios atos, ou seja, o “ único responsável pelo pecado”, para ele o intelecto é inseparável do homem e que a alma possui individualidade. Ele indica a natureza da moralidade e das virtudes, e que a vontade do homem está limitada pelo pecado, ainda que o homem não esteja completamente determinado para o mal. Nesse ponto ele rompe com Agostinho, para que a vontade humana está impossibilitada de ajudar o homem a mover-se na direção de Deus. No qual a regeneração é uma obra exclusiva do Espírito Santo, o homem sendo criado a imagem e semelhança de Deus e livre para escolher o bem e o mal, porém este homem optou em pecar, a vontade dele foi corrompido pela queda, e foi considerado fatalmente depravado e incapaz de usar a sua vontade concernente a salvação.

REFERÊNCIA

CAIRS, Earle E. O Cristianismo através dos Séculos : uma História da Igreja Cristã. 2. ed. São Paulo, Vida Nova, 1995.
OS PENSADORES. Platão: Vida e Obra.São Paulo– DF, Editora Nova Cultural, 1999.

­­______. Agostinho: Vida e obra. São Paulo– DF, Editora Nova Cultural, 1999.
______. História da Filosofia. São Paulo– DF, Editora Nova Cultural, 1999.

Comentários

  1. alguns fatos na vida desses pensadores eu não conhecia, lhe agradeço pelas informações tão bem detalhadas.
    valeu,um abraço.
    Luiz

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  2. É bom saber que esse texto lhe ajudou na sua compreensão e entendimento e espero que vc veja os demais que também contribuirá em muito para sua opinião crítica.

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