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 Artigo publicado pelo jornal New York Times de 18/06/13

Manifestantes no Brasil entram em confronto com o governo e os protestos se alastram pelo país.

Abalados por um dos maiores desafio às autoridades nos últimos anos, líderes do Governo Brasileiro tentam nesta terça-feira com gestos conciliatórios atenuar os protestos que tomaram conta das maiores cidades do país. Mas, os manifestantes continuam o desafio com milhares de pessoas nas ruas mostrando indignação contra a corrupção política, o alto custo de vida e o enorme gasto de dinheiro público  com a Copa do Mundo próxima e os Jogos Olímpicos em 2016.
                Numa convulsão que pegou o Brasil e o exterior de surpresa, uma gigantesca onda de manifestantes denunciaram estes líderes  por gastar recursos com o propósito em cultivar a imagem global do Brasil enquanto serviços básicos como educação e saúde permanencem lamentavelmente inadequados.
                 As demonstrações tiveram início com o repúdio da população por causa do aumento das passagens de ônibus, mas de maneira semelhante como aconteceu na Tunísia, Egito, e mais recentemente na Turquia, os protestos se transformaram rapidamente numa condenação generalizada contra o governo.
                  Políticos em várias cidades brasileiras recuaram e anunciavam já nesta terça que consideravam uma redução nos preços da passagens, mas as demonstrações agora exigem uma mudança mais abrangente com manifestantes carregando bandeiras e gritando palavras de ordem como “O povo acordou.”
                  “Tudo parecia maravilhoso no oásis brasileiro, e de repente estamos revivendo as demonstrações como as da Praça Tahrir no Cairo, repentina, e sem aviso.” Diz Eliane Catanhede, colunista do jornal A Folha de São Paulo. “ Fomos todos apanhados de surpresa. Do paraíso escorregamos direto ao limbo.” O que está acontecendo no Brasil?” pergunta ela.
                     Milhares de manifestantes se reuniram na Praça da Sé em São Paulo e dali partiram em direção ao gabinete do prefeito, onde um pequeno grupo quebrou janelas e tentou invadir o prédio forçando a segurança a recuar.
                      Em Juazeiro do Norte, Ceará, manifestantes encurralaram o prefeito dentro de um banco e pediam o seu impeachment, enquanto outros aos milhares protestavam contra o baixo salário dos professores. No Rio de Janeiro, dezenas de milhares de manifestantes  protestavam  longe da luxuosa e exclusiva zona sul da cidade. Em outras cidades manifestantes  bloquearam estradas, invadiram prefeituras e interromperam as sessões fazendo barulho ou tomando microfones.
                        Estes protestos estão entre as maiores manifestações de descontentamento desde o fim da ditadura militar em 1985. Depois de uma violenta repressão policial na semana passada que piorou a situação e aumentou os protestos, a Presidente Dilma Roussef, ela mesma uma ex-dissidente que foi incarcerada durante a ditadura, é agora o alvo das críticas.
                        “Estas vozes que vão além dos mecanismos tradicionais, dos partidos políticos e da mídia, precisam ser ouvidas”. Disse ela. “A grandeza das manifestaçoes de ontem são provas da energia de nossa democracia.”
                 O tom das palavras da presidente são um contraste bem acentuado daquele adotado pelo governo turco onde manifestações semelhantes rapidamente se trasnformaram numa rejeição geral da legitimidade do governo por grande parte da população.
                  Mas enquanto o Primeiro Ministro turco taxava os manifestantes de terroristas, vândalos e vagabundos, Dilma Roussef parece estar bem ciente da frustração brasileira sobre o enorme abismo entre as aspirações globais da nação e a dura realidade de milhões de brasileiros.
                   Os protestos no Brasil estão se desenrolando justo no momento em que o tão festejado boom econômico vai chegando ao fim. A economia retrocedeu e não é nem sombra do crescimento que experimentou nos últimos anos. A inflação está em alta, a moeda declinando rapidamente em relação ao dólar. Assim, as expectativas dos brasileiros com toda essa má situacão alimenta um intolerância muito grande com a corrupção, a péssima condição das escolas, dos hospitais,  e outros fracassos do governo.

Traduzido por A. Trindade
New Jersey, USA